Fonte: Guia dos Curiosos
Leopoldina estava no comando do Brasil desde o dia 13 de agosto quando Pedro I fez sua famosa viagem à província de São Paulo, em 1822, e que terminou com a proclamação da independência no dia 7 de setembro. Leopoldina convocou o Conselho de Estado e decidiu, junto com os ministros, pela separação definitiva entre o Brasil e Portugal. Ela decidiu-se depois das últimas deliberações do governo português que, entre outras medidas, exigia a ida imediata do casal real para Lisboa e ameaçava dissolver o reino brasileiro com a instalação de juntas governamentais em todas as províncias. Leopoldina e José Bonifácio mandaram a São Paulo um mensageiro com as notícias.
Ao receber a correspondência, Pedro percebeu que Portugal o rebaixava a mero delegado das Cortes, limitando sua ação às províncias onde já exercia autoridade efetiva. Em sua carta, José Bonifácio comunicava que, além dos 600 soldados lusos já desembarcados na Bahia, mais 7 mil estavam em treinamento para consolidar o domínio português no Norte do Brasil. Um ataque contra o Governo da Regência completaria os planos portugueses.
O "Independência ou Morte" foi proclamado às 16h30.
Pedro contou as novidades aos que o acompanhavam e disse: "Eles o querem, terão a sua conta. As cortes me perseguem, chamam-me com desprezo de rapazinho ou de brasileiro. Pois verão quanto vale o rapazinho. De hoje em diante estão quebradas as nossas relações. Nada mais quero do governo português e proclamo o Brasil para sempre separado de Portugal!"
O tenente Canto e Melo pediu aos homens da guarda do imperador que se aproximassem. Deu vivas ao Brasil independente, a Dom Pedro e à liberdade. O imperador desembainhou a espada: "Pelo meu sangue, pela minha honra, pelo meu Deus, juro fazer a liberdade do Brasil". Ele embainhou novamente a espada, gesto repetido pela guarda. À frente da comitiva, disse a célebre frase: "É tempo. Brasileiros, a nossa divisa hoje em dia será Independência ou morte! Estamos separados de Portugal!"
Seguindo o exemplo do príncipe, os membros da comitiva jogaram fora suas braçadeiras azuis e brancas - símbolo de fidelidade a Portugal - e o grupo inteiro seguiu às pressas para São Paulo, onde a notícia do fato se espalhou rapidamente. No Palácio do Governo, Dom Pedro rabiscou um molde da frase "Independência ou Morte" e mandou providenciar um ourives para cunhá-la. Confiou o Governo de São Paulo a uma junta e partiu para o Rio de Janeiro no dia 9. Cobriu em apenas 5 dias a distância de 576 km. Na noite seguinte, quando entrou no Teatro São João em companhia de Leopoldina, a faixa verde com a divisa Independência ou Morte em dourado destacava-se na manga do seu traje. Era o símbolo da emancipação.
Pedro e Leopoldina consolidaram a independência lutando pelo reconhecimento dos dirigentes de outras nações, inclusive junto a seu pai, Francisco I, o poderoso imperador da Áustria, e nada menos do que o líder da Santa Aliança, coligação criada pelos principais monarcas europeus com o declarado objetivo de combater os ideais liberais, sobretudo aqueles propagados pela Revolução Francesa.
O Brasil pagou 2 milhões de libras a Portugal pela Independência. Pedro não pediu nenhuma possessão portuguesa - caso de Angola, na África, cuja elite quis fazer parte do Império do Brasil para facilitar o tráfico de escravos. Pedro disse não.
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