O aumento da taxa básica de juros, que
deve passar por novos reajustes até o fim desse ano, está impactando o crédito
imobiliário de diferentes formas. Se por um lado o reajuste encarece os
financiamentos habitacionais, por outro estimula a procura pelo consórcio de
imóveis. Em virtude da primeira alta da Selic anunciada em abril desse ano, em
que a taxa anual passou de 7,25% para 7,5%, algumas administradoras
identificaram um aumento de até 20% na busca pelo consórcio.
“Sentimos esse crescimento de forma
instantânea, porque isso impacta o planejamento familiar e profissional das
pessoas”, afirma o consultor de investimentos da Embracon, Fabio Salgueiro.
Segundo Fábio, é natural as pessoas
buscarem opções mais conservadoras de crédito com a alta dos juros, entretanto
o brasileiro está se rendendo cada dia mais às inúmeras vantagens do sistema de
consórcio.
A se considerar o último boletim Focus
divulgado pelo Banco Central, a busca pelo consórcio imobiliário deve ter um
aumento ainda maior. A previsão é que, até o fim desse ano, a Selic chegue à
marca de 9,25% ao ano, pois a parcial desse ano já está melhor do que a do ano
passado, ou seja, acima das expectativas.
Segundo dados Data Folha, jovens casais
com idade entre 25 e 35 anos são o principal público do consórcio imobiliário.
Muitos deles já têm um imóvel e optam pela modalidade de crédito para
complementar o saldo a pagar na aquisição de um imóvel maior, todavia há uma
tendência de crescimento do público single; os solteiros, que buscam o primeiro
imóvel. “Notamos o crescimento da participação de jovens que ainda moram com os
pais e pretendem adquirir a casa própria em longo prazo, optando assim pelo
consórcio”, revela.
As classes A e B ainda representam a
maior fatia de público do consórcio imobiliário. Isso porque, entre essas
classes o sistema de consórcio se torna ainda mais vantajoso, considerando que
as administradoras conseguem utilizar valores pouco significativos de entrada,
transformando-os em quantias mais expressivas e assim reduzir os prazos de
quitação e liberação do crédito. Como exemplo, um cliente que tivesse apenas
20,0% do valor de seu imóvel para financiar o restante, acabaria pagando altas taxas
de juros, o que não ocorre no consórcio, uma vez que esse cliente pagará uma
taxa de administração fixa. Além disso, a renda mínima exigida para a aquisição
de imóvel na faixa dos R$ 200 mil via financiamento é de R$ 4,5 mil, o que
seria um impeditivo para o acesso da classe C ao financiamento imobiliário.
Entretanto, Fábio lembra que em bairros
afastados do eixo central, em cidades como Juiz de Fora, Barbacena e outras,
ainda pode-se encontrar imóveis com preço entre R$ 80 mil e R$ 150 mil,
tornando possível a adesão da classe C ao consórcio imobiliário.
Portanto, para abocanhar essa fatia de
mercado, algumas seguradoras e administradoras de consórcio já contam com
grupos com prazo de até 180 meses, o que gera o barateamento das parcelas.
Sendo assim, observando as tendências do
mercado mundial e também nacional e levando em conta as transformações
econômicas nem sempre favoráveis, surge no horizonte novas possibilidades e,
enfim, “o sonho dourado de todo brasileiro de adquirir a casa própria nunca esteve
tão ao alcance das mãos”, conclui Fábio Salgueiro.
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