Dos 95 milhões de homens brasileiros, 35
milhões já passaram dos 40 anos, quando começam a aparecer os problemas de
saúde relacionados ao envelhecimento masculino. Entre as doenças que mais
preocupam está o câncer de próstata, e é difícil eleger onde está o maior tabu:
se o exame de toque, que afasta muitos homens dos consultórios, e poderia
prevenir o avanço da doença; se a impotência sexual, uma das possíveis
consequências. A sociedade evoluiu, mas ainda hoje existe muito preconceito em
relação à saúde masculina, sendo que a detecção precoce poderia mudar o curso
de muitas doenças.
Para Carlos Corradi, presidente da
Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), o machismo ainda impede que o homem se
cuide. “Ele precisa ter consciência de que exames como o de toque não vão fazer
com que ele perca a virilidade. Nesse ponto, a participação da mulher é muito
importante, porque 90% dos pacientes vão ao consultório levados pela
companheira”, alerta. O envelhecimento do homem tem impacto direto no seu
aparelho urogenital e é aí que tudo complica. “Principalmente depois dos 50 e
60 anos, ele tem medo de ficar doente porque sempre acreditou que é o sexo
forte.”
Fato é que 75% deles terá um aumento da
próstata à medida que envelhece. E um, de cada seis homens, terá câncer de
próstata, que se detectado no início tem 95% de cura. Ora, se é tão grande o
medo da impotência, por que não prevenir que um dos seus gatilhos seja
acionado? Outro problema frequente, e pouco conhecido pelos próprios homens, é
a andropausa: a baixa nos níveis de testosterona. Enquanto a menopausa atinge
100% das mulheres, a correspondente masculina atinge a maioria dos homens,
embora apenas 30% desenvolvam os sintomas, com impacto especial na qualidade de
vida.
As manifestações, que podem aparecer a
partir dos 50 anos são problemas com a libido, ereção, ejaculação e orgasmo. A
andropausa também pode diminuir a massa muscular e a massa óssea e aumentar a
massa gorda; impactar na vitalidade e energia, afetando a disponibilidade para
atividades rotineiras. Traz também muita irritabilidade e mudança de humor.
“Por isso, o envelhecimento masculino exige acompanhamento anual, que inclui a
questão urológica e também uma avaliação do aspecto sexual”, defende Ernani
Rohden, membro do Departamento de Andrologia da SBU.
Se houver um dos sintomas e a baixa
dosagem do hormônio for confirmada em exame, a terapia de reposição hormonal
com testosterona é o tratamento previsto. “Mas não é a fonte da juventude, nem
queremos que seja”, defende o especialista. O Sistema Único de Saúde (SUS) não
fornece o tratamento, que pode ser feito com injeções quinzenais, trimestrais
e, mais recentemente, por meio da aplicação de um gel. “O custo gira em torno
de R$ 100 por mês de tratamento e os mais humildes não têm acesso. Assim, temos
uma população subtratada”, explica. E subdiagnosticada, porque muito médico não
toca no assunto.
DESENCONTRO
A menopausa diminui o apetite sexual da
mulher e para Corradi isso tem impacto direto no homem. Segundo o especialista,
muitos chegam ao consultório relatando desinteresse da parceira, já menos disposta
a manter relações sexuais. “Eles se sentem rejeitados, acham que a mulher já
não gosta mais deles. Não entendem que é tudo questão de baixa de hormônio e
ficam irritados”, destacou o Dr. Corradi.
Pesquisas populacionais realizadas pelo
Programa de Estudos em Sexualidade da Universidade de São Paulo (USP) mostram
que 90% dos homens permanece sexualmente ativo na faixa dos 70 anos, ao
contrário das mulheres: menos de 50% delas mantém a atividade sexual.
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