De acordo com o levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre 2003 e 2012 o número de mulheres que engravidou entre 40 e 44 anos passou de 53.016 para 62.371, um aumento de 17,6%. "É um processo irreversível. São mudanças sociais que acontecem em todo o mundo. No Brasil, o acesso maior à universidade e consequentemente a vida profissional começando mais tarde, o esforço para ter uma carreira estruturada e a total independência da mulher influem diretamente nessa escolha", aponta o ginecologista e diretor da Associação de Ginecologistas e Obstetras de Minas Gerais (SOGIMIG), Sandro Magnavita Sabino.
Apesar de o intervalo entre 25 e 35 anos ser considerado o auge da vida reprodutiva da mulher, a incidência de gravidez entre 35 e 39 anos também cresce, segundo o IBGE: o aumento é de 26,3%; foram 201.077 gestações em 2003 e 254.011 em 2012.
O senso comum é rico em histórias sobre as implicações para a saúde da mãe e do bebê em casos de gravidez tardia. Mas quais as consequências reais dessa mudança social? O que é fato e o que é exagero? "Foram exibidas duas imagens de grávidas: uma mulher de 25 anos com pressão alta, sobrepeso e fumante, e outra acima dos 40 que não fuma, que não tem pressão alta ou diabetes. Qual delas terá uma gestação mais saudável? Os riscos serão maiores em qual das duas situações?", questionou Dr. Sandro.. A constatação é simples: as ameaças estão muito mais relacionadas ao estado de saúde da mulher do que à sua idade.
Para o especialista, o importante é a mulher que deseja engravidar tardiamente ter consciência das dificuldades biológicas que enfrentará e, com isso, se preparar para uma vida saudável. Nesses casos, o acompanhamento médico é ainda mais importante e deve acontecer desde cedo, quando a mulher estiver com cerca de 30 anos. Após os 40, também são necessários cuidados e exames específicos para evitar doenças e condições que aparecem mais facilmente com o aumento da idade, como diabetes, hipertensão e sobrepeso, e garantir um parto seguro e saudável.
Chances de gravidez natural
Outra informação importante é que mesmo após os 40 anos, a maioria dos casais alcançará uma gravidez de forma natural. No entanto, não se pode negar a queda nas taxas de fertilidade. "A maioria vai conseguir uma gestação espontânea. Entre 20% e 25% dos casais podem ter dificuldade e precisar de um tratamento de reprodução assistida", afirma o ginecologista.
A orientação da Organização Mundial de Saúde para quem está nessa faixa etária é clara: após 6 meses de tentativa, se o casal não engravidar, deve procurar um especialista. "Se de fato tiver algum problema, quanto antes o médico atuar, maiores são as chances de gravidez", reforça Dr. Sandro. O médico ressalta que procurar um profissional de reprodução assistida não significa iniciar um tratamento. "Pode-se concluir que não existe nenhum problema", diz.
Aborto
Por outro lado, as taxas de abortamento são maiores por questões biológicas, da natureza. Esse é o ponto principal que deve pautar o entendimento dessa variável.
"As taxas de alterações cromossômicas do óvulo aumentam com a idade. Aos 30 anos, de cada dez embriões formados, 50% deles terão alterações cromossômicas que vão gerar modificações nos embriões. Aos 37 anos, chega a 65% e aos 42, a 95%", esclarece o ginecologista.
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