No Brasil, o último dia 28 foi marcado
pela despedida dos brasileiros, a maior nação católica do mundo, ao papa
Francisco. E a passagens dos papas pelo
Brasil foi sempre marcante para a nossa história. Se João Paulo II foi importante
para a nossa história política, o mandato do papa Francisco já desponta como um
divisor de águas para uma das religiões mais antigas do mundo, mas que vem
perdendo fiéis para as novas, principalmente no Brasil.
A passagem de Francisco pelo Brasil foi
muito mais que um grande evento da Igreja Católica Apostólica Romana. Foi um
evento que buscou discutir a Fé em toda a sua essência, em que as todas as
religiões puderam ter voz e vez frente à figura maior da Igreja Católica.
Mas, é claro que, o maior beneficiado
com a visita do papa Francisco foi o catolicismo que vive uma profunda crise.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o
número de fiéis da religião vem encolhendo a cada ano: passou de 91,8%, em
1970, para 64,6% em 2010. Além disso, a Igreja Católica enfrenta ainda a
redução do número de padres, que não passam de 17 mil no país.
Por isso, a vinda do papa é vista por
muitos como um alento para a recuperação de fiéis e como uma nova estratégia a
ser seguida pelos sacerdortes católicos. O que difere o papa Francisco de seus
antecessores é o discurso em torno de temas até então tidos como pautas das
alas mais progressistas e de esquerda da Igreja, como as comunidades eclesiais
de base, as pastorais e os adeptos da Teologia da Libertação.
Apesar de ser o mais progressista chefe
da Igreja que já passou pelo Vaticano, o papa Francisco não fez defesa de
assuntos tabus dentro da Igreja como aborto e casamento gay. Ainda que as
cartilhas e o material distribuídos aos participantes da Jornada Mundial da
Juventude tenha sido conservador, o papa não adotou esse tom em nenhum de seus
discursos. Aliás, Francisco evitou esses assuntos, que são hoje os que mais
dividem opiniões dentro da Igreja e mais afastam as pessoas da religião.
Entretanto, algo marcante na fala do pontífice,
na minha humilde opinião, foi sobre a corrupção, passando pela defesa dos
programas de combate à fome adotados pelo governo federal, à violência e aos
protestos que mobilizaram o país antes e durante sua visita.
O papa Francisco foi enfático em afirmar
que não gosta de jovens que não protestam. A essência da juventude não é
aceitar tudo, numa ação de conformidade, mas sim de refletir sobre as coisas do
mundo e, principalmente, de se manifestar, objetivando buscar um mundo mais
social e fraterno, com menos desigualdade e mais solidariedade.
Por isso, para as minhas considerações
finais, vou parafrasear Humberto Gessinger, na letra da música “O Papa É Pop”,
que também dá nome ao quinto álbum de estúdio da banda Engenheiros do Hawaii. O
papa Francisco é POP: POP de popular, de povo, de ser, parecer e gostar do
povo. Tomará que tenha forças para concluir sua obra que também é POP.
Fonte: Jornal Folha de Negócios
Nenhum comentário:
Postar um comentário