O ex-presidente sul-africano Nelson Mandela morreu em paz em sua casa em Johanesburgo nesta quinta-feira, depois de uma prolongada infecção pulmonar, disse o atual mandatário da África do Sul, Jacob Zuma.
Mandela, primeiro presidente negro do país e um ícone antiapartheid, emergiu após 27 anos das prisões do regime para ajudar a guiar o país a superar o derramamento de sangue e alcançar a democracia.
"Companheiros sul-africanos, nosso amado Nelson Rohlihla Mandela, o presidente fundador da nossa nação democrática, partiu", disse Zuma.
"Nosso povo perdeu um pai. Embora soubéssemos que esse dia chegaria, nada pode diminuir a nossa sensação de uma perda profunda e duradoura. Sua luta incansável pela liberdade ganhou o respeito do mundo", acrescentou.
Mandela terá um funeral de Estado completo, disse Zuma, ordenando que as bandeiras fossem hasteadas a meio mastro.
Mandela saiu da obscuridade rural para desafiar o poder do governo da minoria branca, uma luta que deu ao século 20 uma das figuras mais respeitadas e amadas.
Ele foi um dos primeiros a defender a resistência armada ao apartheid em 1960, mas foi rápido em pregar a reconciliação e o perdão quando a minoria branca do país começou relaxar o controle após mais de 30 anos no poder.
Mandela foi eleito presidente em eleições multirraciais em 1994 e se aposentou em 1999.
Ele foi agraciado com o Prêmio Nobel da Paz em 1993, uma honra que dividiu com F.W. de Klerk, o líder africâner branco que libertou da prisão o mais famoso prisioneiro político do mundo.
Como presidente, Mandela enfrentou a tarefa monumental de forjar uma nova nação a partir profundas injustiças raciais profundas da época do apartheid, tornando a reconciliação o lema de seu mandato.
A marca registrada da missão de Mandela foi a Comissão Verdade e Reconciliação, que julgou crimes do apartheid de ambos os lados da luta e tentou curar as feridas do país. Também serviu de modelo para outros países dilacerados por guerras civis.
Em 1999, Mandela entregou o poder a líderes mais jovens e melhor preparados para administrar uma economia moderna, uma rara saída voluntária do poder citada como um exemplo aos líderes africanos.
Uma vez aposentado, mudou seu foco para combater a Aids na África do Sul e a luta se tornou pessoal, quando perdeu seu único filho sobrevivente para a doença em 2005.
A última grande aparição de Mandela no cenário mundial ocorreu em 2010, quando participou da cerimônia da Copa do Mundo de futebol, sendo ovacionado por 90 mil pessoas no estádio em Soweto, bairro onde se tornou líder da resistência.
Acusado de crimes capitais no infame Julgamento Rivonia de 1963, sua declaração foi seu testemunho político.
"Durante toda a minha vida tenho me dedicado a esta luta do povo africano. Eu lutei contra a dominação branca, e eu lutei contra a dominação negra."
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