Por Ahmad Neto
O final de semana, para Lucas e Carine,
chegou. Depois daquele banho demorado, um perfume dos mais caros sobre a pele. Sabe
aquele que custa mais ou menos a metade do que eles ganham? Pois é... colocar a
melhor roupa... não, não! A melhor roupa não! Mas aquela que a deixa mais sexy,
que marca melhor seu corpo e que evidencia suas curvas. É! Cada um com seu
estilo... Carine escolhe um scarpin de salto alto, aliás, quanto mais alto
melhor. É preciso chamar a atenção pela beleza. Lucas, pronto para sair, meio
que despojado, calça jeans, camisa clara e tênis de marca, vai para a balada.
Lucas e Carine não se conhecem, mas vão se “esbarrar” lá no point. Aos vinte e poucos
anos ainda não se dedicam a construir relações. Essas “bobagens” de gente mais
velha, que acha que a gente tem que ir devagar, se conhecer melhor e coisa e
tal... Carine e Lucas, a exemplo de muitos jovens de sua idade, só querem
curtir, ficar, beijar e, quem sabe, transar. Danças sensuais, movimentos
sincronizados. Pensam: “Sou o máximo, sorte de quem ficar comigo”. Não é que
não sejam especiais... mas num ambiente daqueles, cheio de outras pessoas,
entre as danças engraçadas e as curiosas, entre caras e bocas, olhares
“misteriosos” e “sedutores” e a mistura de cheiros, perfumes e hálitos, todo
mundo se acha especial mesmo. Carine vê Lucas, Lucas vê Carine. Pensa ela: “Cara
bonito, sarado. Será que me viu?” Pensa ele: “Mó mina! Corpão! Se dé mole eu
pego”. Dançam, aproximam-se, entreolham-se... “E aí? belê? Aborda Lucas. “Beleza!”
Responde Carine. Algum tempo depois, na área reservada aos fumantes, longe da
pista de dança e do som ensurdecedor da banda, entre beijos e abraços, muita
“pegação” e nada de sentimentos. Não há promessas, expectativas ou qualquer
outra forma de compromisso. A noite segue e passa, como a noite de cinderela, em
busca do príncipe encantado, passou para Carine. Lucas, por sua vez, já não é
mais o astuto “caçador” que levou sua “presa” para o abate. A noite de
fantasias passou como passam todas as noites, e todos os dias, entre luas e
sóis. Seguem a rotina do dia-a-dia, esperando pelo próximo final de semana, quando
poderão viver apenas para os sentidos imediatos. Quando olhares apaixonados são
trocados por olhares de sedução, palavras de amor por beijos sem emoção,
abraços por agarração e carinhos por pegação. Para uns, bebida, para outros,
drogas, e para outros ainda, as duas coisas. No silêncio de seus quartos, os
pensamentos vagueiam. Vida vazia, tempo perdido. Horas que poderiam ter sido
aproveitadas para ler um bom livro, assistir a um bom filme ou para se juntar a
pessoas interessantes num longo e proveitoso bate-papo, são desperdiçadas. Frivolidades,
sentimentos rasos, vazio existencial. Nas escolas, os “Lucas e Carines” se
formarão e serão os advogados, os médicos, os engenheiros, os psicólogos e toda
a sorte de “doutores” e políticos que “servirão” à sociedade. Sem conteúdo, sem
objetivos concretos, sem compreensão do amor na sua essência e, portanto, sem
conceitos e valores reais. Munidos apenas e tão somente dos conhecimentos
adquiridos nos bancos das faculdades, e com poucos e distorcidos conhecimento
da vida. Valores morais como dignidade, compaixão e caridade, dentre outros,
são apenas conceitos abstratos, próprios dos filósofos de antigamente. Na
política, alguns deles irão administrar o seu país com sua riqueza, os recursos
primários e os recursos naturais como o petróleo, o ouro, a água, a fauna e a
flora, a vida dos índios nativos e, perceba, até a sua vida, em toda sua
complexidade.
Mas nos teatros da vida também se
constroem relações proveitosas, onde outros jovens, ao contrário dos Lucas e
Carines, aprimoram seus conhecimentos lendo, refletindo a própria existência e
debatendo assuntos relevantes para o autoconhecimento, para as questões humanas
e a vida no planeta como um todo. Serão os melhores advogados, médicos,
engenheiros, psicólogos e políticos que servirão à sociedade. Eles também vão às
baladas, mas não perdem tempo com futilidades, pois vivem com sabedoria, e
aprendem a construir carreiras e relações fortes e duradouras, de amor e de amizade.
Assim segue a vida, assim caminha a humanidade. Entre sonhos, fantasias,
objetivos e metas, todos fazemos parte desse “jogo de viver”. Nos quartéis,
palácios, escolas, igrejas ou nas baladas da vida, somos todos atores a
representar papéis, no imenso palco das relações e das ilusões sociais.
AHMAD SUNBULAT NETO
Personal Coach || Consultor de Carreira
|| Analista Quântico
(32) 8706-1146 || (31) 8590-4267 || www.viverideal.com.br
Esse é o meu mais novo artigo sobre comportamento humano
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