A inflação oficial brasileira encerrou 2014 em 6,41 por cento, pressionada principalmente pelos preços de alimentos e habitação, muito próxima do teto da meta oficial, mantendo a pressão sobre o Banco Central para conter a alta dos preços no segundo mandato de Dilma Rousseff.
Somente em dezembro, o IPCA avançou 0,78 por cento, após alta de 0,51 por cento em novembro, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira.
Em 2013, o indicador havia subido 5,91 por cento. No primeiro mandato da presidente, a inflação brasileira somou 27,03 por cento, com alta anual média de 6,17 por cento.
A meta oficial é de 4,5 por cento, com margem de dois pontos percentuais para mais ou menos. O resultado do ano passado livrou por pouco, e mais uma vez, o presidente do BC, Alexandre Tombini, de ter que fazer uma carta aberta explicando os motivos do descumprimento do objetivo.
A última vez em que houve estouro da meta foi em 2003, primeiro ano do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando o IPCA encerrou a 9,3 por cento. Em 2011, ano em que Dilma assumiu o governo, o índice ficou exatamente no limite máximo do objetivo.
Os resultados ficaram em linha da expectativa em pesquisa da Reuters, cujas medianas apontavam alta de 0,78 por cento em dezembro e de 6,42 por cento no ano passado.
ENERGIA ELÉTRICA
Segundo o IBGE, as despesas que mais aumentaram no ano passado foram as de Habitação, cuja alta acumulada chegou a 8,80 por cento contra 3,40 por cento em 2013. Com isso, o grupo teve impacto de 1,27 ponto percentual no índice de 2014, diante da alta de 17,06 por cento em média da energia elétrica, contra queda de 15,66 por cento em 2013.
Não por menos, informou o IBGE, no ano passado os preços de administrados tiveram alta acumulada de 5,32 por cento, contra 1,55 por cento em 2013.
O maior impacto no IPCA em 2014 foi do grupo Alimentação e Bebidas, com 1,97 ponto percentual, com alta acumulada de 8,03 por cento, ante 8,48 por cento no ano anterior.
Destacaram-se também os avanços de 8,45 por cento dos preços de Educação e de 8,31 por cento de Despesas Pessoais.
A alta dos preços de serviços também pesou sobre a inflação, apesar de ter moderado ligeiramente, fechando o ano a 8,32 por cento, sobre 8,75 por cento no ano anterior.
Já na variação mensal, o maior destaque do IPCA em dezembro ficou para Alimentação e Bebidas, com alta de 1,08 por cento, após avanço de 0,77 por cento em novembro.
PROBLEMAS
Os próximos meses serão marcados pelos reajustes de preços administrados, como eletricidade. Figura no horizonte ainda a valorização do dólar sobre o real, que atualmente ronda o patamar de 2,7 reais.
Tombini já sinalizou que o IPCA deve voltar a estourar o teto da meta em 12 meses neste início de ano, desacelerando o passo no segundo trimestre.
Em outubro, deu início a novo ciclo de aperto monetário que elevou a Selic para os atuais 11,75 por cento, e novas altas são esperadas.
Ainda assim, economistas consultados na pesquisa Focus do próprio BC calculam que o IPCA encerrará 2015 acima do teto da meta, a 6,56 por cento.
Fonte: Reuters Brasil
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